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quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

Comunidades Quilombolas da Baixada de Jacarepaguá organizam atividades no mês de novembro


No mês de novembro deste ano (2016), as duas comunidades Quilombolas da região de Jacarepaguá, a Cafundá Astrogilda e a do Camorim, realizaram atividades marcando a importância histórico da data do dia 20 para a resistência da cultura afrodescendente e quilombola da região. Estas atividades visam fortalecer as lutas e celebrar as conquistas dos moradores das comunidades, além de contribuir para aprofundar a identidade sociocultural de origem africana.

Além  do já tradicional evento no dia 20 de novembro no largo de Vargem Grande, os moradores da  comunidade Quilombola Cafundá Astrogilda realizaram também neste mês de novembro várias atividades de caminhadas guiadas pelas trilhas do quilombo, que possui várias cachoeiras para banho e sítios históricos. Desde o início deste ano os moradores da comunidade estão construindo um Eco-Museu para preservação da memória e da cultura quilombola local.

Abaixo, algumas fotos da Aula de Campo no Quilombo, realizada no dia 18/11/2016 na comunidade Quilombola Cafundá Astrogilda, com alunos do Colégio Vargem Grande, por meio de articulação do Instituto Histórico da Baixada de Jacarepaguá (IHBAJA).





 Nesta atividade, além de aprenderem um pouco mais sobre a história de Jacarepaguá e do Rio de Janeiro com professores do colégio, os alunos têm a oportunidade de conhecer mais sobre a história da região de Vargem Grande e da zona Oeste da cidade do Rio de Janeiro a partir da experiência dos próprios moradores. As famílias de moradores da comunidade Quilombola Cafundá Astrogilda vivem há mais de 200 anos na região do Alto Mucuíba, em Vargem Grande e muitos moradores de lá praticam a agricultura de subsistência e de comércio voltado para o mercado de alimentos da região, comercializando em feiras e com a escola pública estadual local.





 Já os moradores da comunidade Quilombola do Camorim, por meio da Associação Cultural Quilombola do Camorim (ACUQCA), organizaram a 15ª Feijoada da ACUQCA - Dandara e Zumbi dos Palmares, enfatizando nas celebrações deste ano a homenagem e reconhecimento à presença feminina nas lutas e conquistas da população afrodescendente na história do Brasil. O evento foi realizado no dia 27/11 e contou com diversas atividades, como roda de Jongo e de Capoeira, barracas de artesanatos produzidos por moradores de Jacarepaguá, declamação de poesias, música, etc. O IHBAJA esteve presente para prestigiar o evento.

Abaixo, algumas fotos do evento realizado em celebração ao mês da Consciência Negra e Afrodescendente pela ACUQCA, no Camorim. 




 A 15º Feijoada da ACUQCA foi realizada este ano em frente a Igreja São Gonçalo de Amarante, construção de 1625, uma das mais antigas da Baixada de Jacarepaguá. A capela foi construída nas terras do Engenho do Camorim, erguido no século XVII e um dos mais antigos de Jacarepaguá. Este engenho pertenceu à família Sá, que forneceu conquistadores e os primeiros governadores no início da colonização portuguesa no Rio de Janeiro.





Tão (ou talvez mais)  importante quanto lembrar os dirigentes da obra colonizadora do Brasil, é recordar que esta mesma sociedade colonial foi formada por grupos étnicos variados, não só o português, mas sobretudo as diversas etnias de africanos e indígenas nativos.




E se até hoje ensina-se na escola que, no passado, tanto os africanos quanto os indígenas foram subjugados e escravizados por conquistadores portugueses durante a obra colonizadora, num percurso de 500 anos de história, é importante destacar que neste mesmo percurso houveram lutas e resistência às diversas tentativas de subjugação e escravização. O Quilombo, na sociedade colonial, foi um espaço socialmente construído de resistência à subjugação e à escravização, ocupado pela população marginalizada da sociedade colonial portuguesa.

As revoltas de africanos escravizados e todo o período em que atuou o movimento abolicionista, o protagonismo dos negros foram exemplos de resistência. E é este um dos significados das celebrações do mês de novembro em Jacarepaguá: firmar uma posição de resistência cultural e de valorização de uma herança étnica africana de luta contra a exploração e dominação, seja econômica, política ou cultural.

Texto e fotos: Renato Dória