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domingo, 12 de setembro de 2021

Revisitando "O Sertão Carioca": exposição comemorativa de 11 anos.

Neste aniversário de 427 anos de Jacarepaguá, o IHBAJA preparou alguns materiais para homenagear esta data festiva. O primeiro deles é um novo olhar sobre a exposição "Magalhães Corrêa - 125 anos de O Sertão Carioca" de 2010. 

    Em 2010, o Instituto Histórica da Baixada de Jacarepaguá disponibilizou ao público a exposição virtual “O sertão carioca” com as penas de Magalhães Corrêa que ilustram o livro homônimo deste autor. 
    Agora, em 2021, voltamos a apresentar a exposição, com novas imagens e design, objetivando trazer uma reflexão, tanto pela atualidade do livro quanto pela urgência em projetar e criar ações de preservação do patrimônio cultural, histórico e natural da nossa região. 
    Se na década de 1930, Magalhães Corrêa chamava a atenção para a constante destruição da fauna e flora de Jacarepaguá, além de apresentar os problemas sociais de uma região abandonada pelo poder público, hoje podemos traçar um paralelo com as transformações estruturais e urbanas pelos quais passou e ainda passa Jacarepaguá. 
    Magalhães Corrêa questionava o pensamento de que o sertão e os problemas sertanejos ocorriam em regiões afastadas do Rio de Janeiro (então Distrito Federal). Ao contrário, o sertão começava bem perto do centro urbano, a um pouco mais de 30 quilômetros. Seu “Sertão Carioca”, lugar de visitas turísticas, praias, rios e cachoeiras, era também o local do abandono, de mazelas sociais, da pobreza, do desmatamento e das fazendas em decadência. Bem diferente de uma urbanização incipiente encontrada na “porta de entrada” da região (Praça Seca, Tanque e as estradas das regiões da atual Pechincha e Freguesia), o resto da Baixada era um ambiente em sua essência rural, visto de forma pitoresca, mas ainda desconhecido pelo governo à época.
    Hoje, podemos pensar que o crescimento urbano e o olhar governamental sobre essa região mudou e muitas das antigas características se perderam. Porém é necessário refletir sobre como esses avanços ocorrem e qual o sentido de desenvolver e preservar, sem que ambos os conceitos sejam antagônicos e excludentes.
    O Instituto Histórico da Baixada de Jacarepaguá deseja que todos apreciem esta exposição.


Para assistir diretamente no canal do Youtube do IHBAJA clique aqui.

Para uma navegação interativa (clicando em ícones de sua escolha) clique aqui que você será direcionado para arquivo pps.





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segunda-feira, 20 de abril de 2015

“Pai dos pobres” e dos enfermos também: As visitas de Getúlio Vargas à Colônia Juliano Moreira

*Janis Cassília
Professora e pesquisadora do IHBAJA
Doutoranda em História das Ciências e da Saúde pela Casa de Oswaldo Cruz - Fiocruz


       É certo e assunto já discutido que o governo getulista do Estado Novo baseou-se na personificação do poder na figura do presidente, tratando-o como figura interessada em salvar a nação. Getúlio Vargas foi considerado o “pai dos pobres”. Por decretar direitos importantes para o trabalhador, como a Consolidação das Leis Trabalhistas. A ele eram endereçados inúmeras cartas pedindo auxílio. Eram solicitações de emprego, viagens, casas, remédios, etc. Uma simples visita do então presidente virava uma manifestação popular e patriótica.
            Assim eram as visitas de Getúlio à Colônia Juliano Moreira. Inaugurada em 1924, durante as décadas de 40 e 50 recebeu incentivo financeiro federal para aumentar suas instalações e transformar-se em centro de excelência no tratamento psiquiátrico. Era o enorme hospital-colônia de Jacarepaguá que abrigava na década de 50 mais de 3 mil pacientes. A cada novo pavilhão, núcleo, hospital, ambulatórios ou outros edifícios e serviços, autoridades vinham para a instituição e realizavam as cerimônias de inauguração. Getúlio era um deles, na verdade, a figura mais importante, a que discursos eram proferidos em homenagem.


“Visitando a Colônia Juliano Moreira, o presidente Getúlio Vargas palestra com um enfermo ali internado” (1941).
Fonte: Anais da Assistência a Psicopatas, 1941, p.21


“O Dr. Adauto Botelho, diretor do serviço de assistência a psicopatas mostrando ao Presidente Getulio Vargas as novas instalações da CJM.” (1941) Fonte: Anais da Assistência à Psicopatas. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1941, p. 31.


            Em 1941, por ocasião de inauguração de obras do futuro núcleo Teixeira Brandão (para pacientes mulheres), uma série de cerimônias foram realizadas. A esses eventos compareceram autoridades e familiares, médicos e residentes das localidades próximas. Era uma verdadeira festa, a que personagens geralmente excluídos da sociedade tomavam parte, os enfermos. Fazia parte da propaganda governamental promover tais eventos e por isso não era incomum Getúlio caminhar por dentro da Colônia solicitando informações sobre as condições de vida dos internados. Até conversas com os mesmos eram registradas, isto é, com os doentes autorizados a caminhar pela instituição.       
            Essa presença do então presidente era tão marcante que os próprios internos da Colônia narravam em suas falas. Escreviam à Getúlio como indivíduos consciente de seus direitos como Amália*, internada com o diagnóstico de Epilepsia, que se dirigiu à Cascadura sem autorização médica, e enviou telegrama ao Gabinete do Presidente pedindo sua liberdade. A carta de Amália teve resposta e foi necessário que os médicos convencessem os representantes do Gabinete de que a mesma não poderia obter alta. Muitos ofícios foram trocados entre as instituições para que Amália tivesse alta. Ao presidente cabia aliviar e ajudar o cidadão que pedia auxílio coisa que no caso de Amália não se cumpriu uma vez que com o diagnóstico confirmado, o poder médico se sobrepôs ao poder do presidente.
            O imaginário popular sobre Getúlio Vargas é riquíssimo. Seja como ditador ou como “pai dos pobres”, este presidente adentrou mentes sãs e ditas doentes em sua época. Amália* entre outros são apenas alguns dos internos da Colônia que falavam sobre o governante. Eles eram amantes, mães, amigos, padrinhos, afilhados, filhos, pessoas bem relacionadas com o presidente, que por sua vez intercedia por eles nas suas mentes, e fora delas também.
           


* Todos os nomes aqui mencionados são fictícios para preservar a identidade dos indivíduos. Os casos clínicos aqui mencionados integram a dissertação de mestrado da autora pelo Programa de Pós-Graduação em História das Ciências e da Saúde da Fiocruz.
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