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domingo, 25 de maio de 2025

IHBAJA presente na reinauguração do circuito do Museu das Remoções

Vídeo do dia da reinauguração do circuito do Museu das Remoções, ocorrido no dia 18 de maio.


No vídeo, o professor e pesquisador do IHBAJA Renato Dória fala da sua experiência de aprendizado com o trabalho de base realizado pelos moradores da Vila Autódromo durante os anos de enfrentamento das ações de remoção nos anos de 2009-2012

Íntegra do vídeo, aqui.
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quinta-feira, 20 de fevereiro de 2025

Seminário “Territórios de memória: Rio das Pedras e a Baixada de Jacarepaguá”

Participação do IHBAJA no seminário “Territórios de memória: Rio das Pedras e a Baixada de Jacarepaguá”, organizado pela Agência Lume, os integrantes do IHBAJA apresentaram a Exposição Itinerante “Vida e luta na Baixada de Jacarepaguá” (23/11/2024).

A exposição apresenta imagens da paisagem e da vida da população de Jacarepaguá durante as décadas de 1940, 1950 e 1960, num momento em que a população rural da região resistia ao avanço acelerado do processo de urbanização.
Com curadoria de Carolina Rodrigues e Gabriel Reis, ambos do Museu Bispo do Rosário, e de Leonardo Soares dos Santos, do Instituto Histórico da Baixada de Jacarepaguá, a exposição esteve em exibição de abril a outubro deste ano no Museu Bispo do Rosário, no bairro da Colônia. Atualmente a exposição faz parte do acervo do IHBAJA.
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terça-feira, 18 de fevereiro de 2025

Parceria IHBAJA/Jornal Abaixo-Assinado, fevereiro de 2025.

A edição de fevereiro do Jornal Abaixo-Assinado apresenta uma ampla cobertura do seminário "O Futuro da Comunicação Popular e do Jornal Abaixo-Assinado de Jacarepaguá", evento ocorrido no último dia 25 de janeiro.

A edição conta ainda com outros textos que tratam de temas como Mestre Davi e o Grupo de Folia de Reis Os 12 Apóstolos de Cristo, da Cidade de Deus.

E para a imensa honra e alegria do grupo do IHBAJA, a edição traz contribuições de alguns de nossos membros.

Renato Dória é o autor do texto "Do Sertão Carioca ao Centro Metropolitano: urbanização e disputas por terra na  Baixada de Jacarepaguá no século XX", p. 18 e 19.

Já Val Costa assina "Sorria, você está na Barra!" (Parte I), p. 21 e 22.

E Leonardo Soares participa da edição com o seu "A Barra da Tijuca de outras histórias", p. 23 e 24.

A íntegra da edição pode ser acessada AQUI.

Boa leitura!!!

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quarta-feira, 22 de março de 2017

Lavradores de Jacarepaguá resistem ao maior assalto a terras da cidade do Rio de Janeiro





Grilagem de terras em Jacarepaguá: lavradores resistem ao maior assalto a terras da cidade do Rio de Janeiro


 por Renato Dória*
No dia 30 de janeiro de 1935, importantes jornais cariocas davam espaço à audaciosa saga de Vicente Carino, advogado dos lavradores de Jacarepaguá e Guaratiba. Carino denunciava à Corte de Ape­lação do Distrito Federal a situação dos seus clientes: o Banco de Crédito Móvel (BCM), por meio de falsas escrituras de propriedade das fazendas Camorim, Vargem Pequena e Vargem Grande, ameaça­va de despejo mais de cem famílias, seus clientes, que ocupavam uma extensão de mais de 9.000 m² de terras naquela região.
Para o advogado, as ações do banco em Jacarepaguá e Guaratiba constituía o maior assalto a terras da cidade do Rio de Janeiro. Além de contar com uma apreciação severa dos magistrados sobre a duvidosa documentação apresentada pelo banco, Carino lançou mão de uma tática bastante inovadora, que seria repetida mais tarde por Francisco Julião: lotou os salões do tribunal com uma delegação de mais de cem lavradores, aguardando o resultado da sentença que avaliava o pedido de anulação de uma promessa de venda de um sítio, assinada por um lavrador sob coação de mandatários do banco.
O BCM surgiu como uma espécie de “fiador” da Companhia Engenho Central de Jacarepaguá, que em janeiro de 1891 comprou as terras apresentadas como pertencentes à Ordem dos Beneditinos: as fazendas do Camorim e das Vargens Pequena e Grande. As famílias de lavradores, que ocupavam há dezenas de anos aquelas terras, não reconhecendo o direito do banco, fundaram a Caixa Auxiliadora dos Lavradores de Jacarepaguá e Guaratiba, por volta de 1920, e desde então passaram a sofrer ações de reintegração de posse patrocinadas pelo BCM na justiça.
Em maio de 1923, dois lavradores de Piabas, membros daquela Caixa, estavam ameaçados de despejo pelo BCM. Após se reunir diversas vezes em Piabas, os membros da Caixa decidiram não pagar aluguel a quem não provasse ser proprietário das terras. Situação semelhante protagonizou a Fábrica Bangu, que criou uma empresa para a qual foram repassadas suas terras, que supostamente estavam abandonadas, porém, na verdade, ocupadas e arrendadas por inúmeras famílias de lavradores.
A Bangu Empreendi­mentos S.A., segundo o historiador Robert Pechman, foi um “embuste criado desde 1937 para mascarar as relações de arrendamento e posse” existentes entre as famílias de lavradores e a fábrica. E, durante a década de 1970, o “embuste empresarial” foi responsável por acionar juridicamente o despejo de mais de 1.200 famílias naquela região. Caso semelhante parece ter sido o papel do Banco de Crédito Móvel na Baixada de Jacarepaguá em relação às famílias de lavradores ao longo do século XX na região.
*Pesquisador do IHBAJA

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terça-feira, 8 de novembro de 2016

PESQUISA SOBRE MILITANTES COMUNISTAS NA BAIXADA DE JACAREPAGUÁ


Relatório final de pesquisa:


"Militantes comunistas e a luta pela terra:
o exemplo de uma antiga freguesia rural, a região da Baixada de Jacarepaguá

(1920-1968)"





Para ler a íntegra do texto do relatório, clique AQUI.





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sexta-feira, 1 de novembro de 2013




No ano de 1929, quando a cidade do Rio de Janeiro ainda era a capital do Brasil, estourou uma das maiores crises do sistema capitalista mundial, a chamada Crise de 29. Esta crise provocou demissões em massa em diversos setores da economia mundial, impactando também no Brasil, onde milhares de operários se viram, de uma hora para outra, sem seu único meio de garantir sua subsistência e de sua família.  No mês de março de 1929, uma equipe do jornal A Pátria esteve presente em Deodoro, na Fábrica de Tecidos Sapopemba, e descreveu a situação de “desolação” e “abandono” daquela oficina que “há mais de vinte anos animara a remota estação Suburbana de Deodoro”. Aquela oficina fabril, que outrora empregava mais de 700 operários, se via sem “capital e sem trabalho”, de acordo com o caseiro da fábrica (CARONE, 1984).

Neste mesmo ano, de acordo com um relatório da Polícia Civil do D.F. foram realizadas aproximadamente dez greves protagonizadas por diferentes categorias de trabalhadores da cidade do Rio de Janeiro. Uma delas ocorreu aqui na Baixada de Jacarepaguá, próximo da atual Praça Seca, no nº 1.243 da Avenida Cândido Benício: foi a greve dos padeiros da Padaria Jandyra. Um dos empregados do estabelecimento, provavelmente em sérias dificuldades financeiras devido à conjuntura caótica da crise de 1929, e premido pela necessidade, foi solicitar ao seu empregador um adiantamento de seu salário. Como se encontrava em débito com o patrão, este se recusou a dar o adiantamento ao padeiro em dificuldades e em solidariedade ao colega de trabalho os demais trabalhadores da Padaria Jandyra decidiram paralisar os trabalhos. Como se recusavam em prosseguir com as atividades, foram conduzidos ao 24º Distrito Policial e os serviços naquela padaria voltaram ao normal com o apoio da Polícia que deslocou padeiros de outros lugares para substituírem os grevistas que foram conduzidos para o D.P (ver fundo DESPS no APERJ).

Esta situação é bem ilustrativa daquele período, pois a questão social, ou seja, as reivindicações básicas por melhores condições de vida encampadas pela classe trabalhadora eram tidas como caso de Polícia. Isso evidencia os sérios limites da democracia então em vigor no país. Não podemos esquecer que dependendo da filiação partidária ou ideológica, uma pessoa podia ser simplesmente banida do Brasil, caso dos anarquistas, os mais visados pela Lei Gordo de 1907, que autorizava tal ato.

Av. Cândido Benício entre os nº1219 e 1271. O número 1243 em que
situava a Padaria Jandyra no ano de 1929 não existe mais.
Foto de nov./2012 por Val Costa.
O “levante” dos padeiros da padaria Jandyra é precioso, pois nos revela também outros importantes aspectos do processo de luta dos trabalhadores, somente perceptíveis quando o reinserimos no contexto mais amplo de disputas das classes laborais de sua época. Podemos notar, por exemplo, que atos como a greve ou a paralisação estavam se difundindo por um conjunto amplo de segmentos do mundo do trabalho, não se restringindo aos setores “mais dinâmicos” da economia e nem as paralisações e greves ocorriam por motivo de aumento de salário ou redução da jornada de trabalho. Daí vermos mesmo na década de 20 a profusão de ações de protesto desse tipo não só entre tecelões, metalúrgicos e ferroviários, como também entre motorneiros, sapateiros, funcionários de hotéis, padeiros, mecânicos, chapeleiros, alfaiates, trabalhadores da estiva, motoristas, açougueiros, garçons etc.

Daí vermos também a ocorrência de greves e paralisações motivadas pela solidariedade e necessidade de apoio mútuo entre os trabalhadores que dividiam o cotidiano do mesmo ambiente de trablaho, e, portanto, submetidos aos mesmos problemas e dilemas, como a dominação pelo patrão e a miséria da vida em família.  Essas e muitas outras experiências vivenciadas em conjunto pelos trabalhadores produziam ações mais conscientes e organizadas dos trabalhadores, que resultaram em greves potentes que surgiram ao longo das décadas 1910 e 1920, demonstrando que os trabalhadores se identificavam como classe e que, portanto, reconhecia o seu inimigo de classe: os patrões e o Estado como aliado. E os padeiros e outras tantas categorias de trabalhadores faziam ranger a velha máquina patriarcal e estatal, atuando no sentido de desnaturalizar as tradicionais relações de trabalho, ainda muito embebidas pela cultura escravista. Basta pensar que naquele ano da greve na padaria Jandyra o país havia abolido a escravidão a apenas pouco mais de 30 anos.

Outro aspecto importante - e as paralisações da Jandyra, as inúmeras da Fábrica de Deodoro, de Bangu, de Vila Isabel, do Andaraí, e muitas outras, só para ficarmos no exemplo do Rio de Janeiro – que se torna evidente é que esses e outros protestos, se vistos como fazendo parte do mesmo processo, foram fundamentais para dobrar os governos e eliminar privilégios que o Estado mantinha em favor das classes dominantes que impediram a introdução  das leis trabalhistas desde a década 1910 até o período varguista. O que desmonta a tese de que a CLT teria sido fruto de um ato de bondade de Getúlio Vargas para com os trabalhadores brasileiros. Muito pelo contrário: ela foi resultado inequívoco de lutas e embates, sustentado cotidianamente pelos trabalhadores em seu local de trabalho, como aquele verificado na padaria Jandyra da rua Cândido Benício naquela remota manhã de 1929.

Leonardo S. dos Santos e Renato de S. Dória

 Instituto Histórico da Baixada de Jacarepaguá 




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domingo, 9 de junho de 2013

O Comunista da Colônia Juliano Moreira



Tente imaginar você caro(a) leitor(a): estamos na década de 40, bem no coração da ainda agrícola Jacarepaguá, pouco acessível em termos de transportes. É bom lembrar que a região nunca foi atravessada por linhas de trem. E mesmo as linhas de bonde eram alvos de numerosas críticas por parte da população. Além disso, com exceção de alguns centros locais, bastante populosos para os padrões da região, como Pechincha, Tanque e Freguesia, as demais áreas eram escassamente povoadas. E eram nessas áreas que ainda predominavam as atividades agrícolas. Esse também era o caso da Colônia Juliano Moreira. Onde era plantado de quase tudo um pouco (hortaliças, legumes e frutas). Inclusive por quase todos os seus pacientes. Mas ali um antigo funcionário cuidava de plantar outra coisa.
O Dr. Jacinto, no início de 1947. Foto do jornal Tribuna Popular. Acervo DPS/APERJ.

Seu nome era Jacinto Luciano Moreira. Nascido em Minas, negro, de família bastante humilde, veio ainda jovem para o Rio. Começou a trabalhar na Colônia quando ela ainda se localizava na Ilha do Governador. Como seu funcionário fazia o típico papel de “pau pra toda obra”, de servente de pedreiro a entregador de pão. Sua estatura elevada e grande porte físico pareciam incliná-lo para tal. Mas quando passa a cuidar mais diretamente dos pacientes, Jacinto parece despertar para sua verdadeira vocação e decide se tornar médico. Com muito custo e empenho se forma pela Faculdade de Medicina de Niterói em 1942.

E nessa nova experiência o Dr. Jacinto se deparará com outra. Também intensa e que marcará sua vida até os últimos dias: ele passa a ter contato com as ideias, projetos e sonhos do antigo PCB. Nutria simpatias pelo partido desde a década de 30, contribuindo com o Socorro Vermelho, mas se filiaria a ele efetivamente em junho de 1945 e logo se tornou o “secretário político” da Célula 23 de Outubro, que tinha como base de atuação a Colônia Juliano Moreira. Percorria toda a região de bicicleta para atender “aos operários, lavradores, famílias sem recurso”. Também chegou a ter uma pequena clínica no Largo da Taquara. Também ficou muito conhecido por organizar serenatas ao redor do seu violão no lugar. É bem provável que em tais momentos o Dr. Jacinto também exercitasse a sua veia militante, buscando incorporar mais gente para as “fileiras do glorioso partido de Luiz Carlos Prestes”. E por todos esses serviços prestados o PCB decidiu lançá-lo como candidato às eleições para vereador em 47. Ele teve pouco menos de mil votos. Mas apesar disso e mesmo a dura repressão aos comunistas que se seguiu após aquele mesmo ano não o desanimaram na tarefa da militância partidária. E assim foi até seus últimos anos de vida. Jacinto, o médico, negro, comunista, viria a falecer em 10 de agosto de 1961.

"Santinho" do candidato a vereador pelo então Distrito Federal. Acervo DPS/APERJ.


Renato Dória  - IHJA, FIOCRUZ e  UFF 
Leonardo Soares - IHJA e UFF
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