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quinta-feira, 26 de agosto de 2021

Conjunto Sanatorial de Curicica, atual Hospital Municipal Raphael de Paula Souza, completa 70 anos em 2021.



Por Janis Cassilia
Formada em História pela UFRJ
Mestre em História das Ciências e da Saúde
Professora e pesquisadora do IHBAJA.

Inaugurado em 1951, o Conjunto Sanatorial de Curicica teve seu funcionamento iniciado em fevereiro de 1952 e foi destinado a internação de tísicos e do tratamento da tuberculose. A criação do hospital fazia parte do programa federal Campanha Nacional contra a da Tuberculose (CNCT), do Serviço Nacional de Tuberculose (SNT) que propunha a erradicação da doença no Brasil em até 10 anos. O tratamento para a tuberculose foi criado em 1946 e, portanto, acreditava-se que o isolamento dos doentes em Jacarepaguá, proporcionava solução para a disseminação e a cura através do tratamento pelo antibiótico estreptomicina.

"Vista aérea das obras do Sanatório de Curicica, fotografia com data de 25 de março de 1950." Fonte: Base Arch da Casa de Oswaldo Cruz, Fiocruz. Disponível em http://basearch.coc.fiocruz.br/.


O local escolhido para a criação do hospital era próximo a outro hospital de isolamento a Colônia Juliano Moreira e estava em terras da antiga Fazenda do Camorim. Assim, antes das obras foi necessário a abertura e asfaltamento de vias de acesso para o material da obra. O hospital foi projetado pelo arquiteto Sérgio Bernades, em projeto de hospital pavilhonar, o que o tornou um exemplo arquitetônico único entre os hospitais de isolamento de Jacarepaguá, na história da assistência pública de saúde no país e na história da tuberculose no Brasil.

Em uma área de 25 mil m², o Conjunto Sanatorial Curicica possuía capacidade para 1.500 leitos, era composto biblioteca, enfermarias, laboratório, centro cirúrgico, maternidade, biblioteca, administração, necrotério, alojamento para médicos e diretor, centro médico, biotério, capela, estação de tratamento de esgoto, subestação de luz e força, entre outros prédios típicos de hospitais de isolamento e que também existiam na Colônia e no Curupaiti. Porém, ao contrário destes dois, não previa a existência de uma comunidade dado ao alto grau de contágio da tuberculose e do plano de erradicação da doença. A imprensa na época noticiava a existência do hospital ligando sua inovação no tratamento e na arquitetura moderna à grandiosidade espacial do hospital.

"Obras do Sanatório Curicica, fotografia de 1950." Fonte: Base Arch da Casa de Oswaldo Cruz, Fiocruz. Disponível em http://basearch.coc.fiocruz.br/.


A partir da década de 1980, o hospital foi dividido em duas partes. Uma administrada pelo município do Rio de Janeiro, que compunha o hospital, os serviços ambulatoriais e a administração, e outra composta pela Casa do Diretor e alojamentos que passaram a compor um centro de pesquisa, Centro de Referência Hélio Fraga, da Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP), Fiocruz. Devido a falta de investimentos públicos em sua infraestrutura, a parte sob responsabilidade do município encontra-se em estado de má conservação e completo abandono, com pavilhões, enfermarias fechadas, inclusive o centro cirúrgico. Parte do terreno original do hospital sofreu com invasões havendo a criação de uma comunidade. Além disso, foi construída uma creche municipal e pavilhões foram demolidos pelo poder público alegando-se perigo de desabamento.