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segunda-feira, 18 de novembro de 2019


JACAREPAGUÁ, IMAGENS DE UM TERRITÓRIO RURAL E NEGRO

Por Leonardo S. Santos



O acervo de imagens que se encontra localizado no Arquivo Nacional do Rio de Janeiro é uma fonte valiosa de documentos sobre um passado cada vez mais distante da Baixada de Jacarepaguá. As fotografias antigas sobre as paisagens física e humana da região são verdadeiras fontes
históricas, de inestimável valor material e imaterial.


  Atual Recreio. Fundo: DNOS/Arquivo Nacional.


  Atual Recreio. Fundo: DNOS/Arquivo Nacional.


Temos ali sob nossas vistas imagens vivas de um perfil rural, com suas criações de animais, lavouras e pomares cobrindo quase que toda a extensão da baixada, os primeiros núcleos urbanos. Tudo isso aparece num riquíssimo conjunto de fotografias e negativos reunido pelo Arquivo Nacional a partir de diferentes fundos (instituições que produziram as imagens). Os principais fundos são o extinto jornal Correio da Manhã, o Departamento Nacional de Obras e Saneamento (o antigo DNOS), Serviço Nacional de Informação (SNI), Agência Nacional e Ministério da Saúde.

Para além dos aspectos geográficos e naturais, as imagens revelam antigas atividades econômicas que antes vigoravam (agricultura, pesca, pecuária), formas de sociabilidade (vendas, armazéns, festas religiosas) e os agentes sociais que viviam e na região.      



 Um tapete de lavouras. Fundo: DNOS/Arquivo Nacional.

  Praia da Barra. Fundo: Correio da Manhã/Arquivo Nacional.

Praia da Barra. Fundo: Correio da Manhã/Arquivo Nacional.

Praia da Barra. Fundo: Correio da Manhã/Arquivo Nacional.

Praia da Barra. Fundo: Correio da Manhã/Arquivo Nacional.


Praia da Barra. Fundo: Correio da Manhã/Arquivo Nacional.


Fazenda da Restinga. Fundo: Correio da Manhã/Arquivo Nacional.

Exploração de Turfa na antiga Pedra da Panela. Fundo: Correio da Manhã/Arquivo Nacional.

Exploração de Turfa na antiga Pedra da Panela. Fundo: Correio da Manhã/Arquivo Nacional.

Exploração de Turfa na antiga Pedra da Panela. Fundo: Correio da Manhã/Arquivo Nacional.

Exploração de Turfa na antiga Pedra da Panela. Fundo: Correio da Manhã/Arquivo Nacional.

Canal do Anil, quando era limpo e navegável. Fundo: Correio da Manhã/Arquivo Nacional.

Exploração de Turfa na antiga Pedra da Panela. Fundo: Correio da Manhã/Arquivo Nacional.




Outro acervo de extrema relevância histórica é o do também extinto jornal Última Hora, que se encontra sob a guarda do Arquivo Público do estado de São Paulo.

Um dos aspectos a serem destacados, como algumas imagens atestam, é o predomínio da população negra nos territórios da Baixada de Jacarepaguá. E essa marca é de grande relevância para a conformação histórica da região. Uma marca que deve ser cotidianamente celebrada e politicamente valorizada.


Trabalhadores da Fazenda da Restinga. Fundo: Última Hora/Arquivo Público do Estado de São Paulo.


Tal traço étnico da região é também visível em algumas fotografias do acervo do Arquivo Nacional. Temos aqui uma comprovação dos relatos da década de 1930 do naturalista Armando Magalhães Correa, que em seu O Sertão Carioca já dava conta da grande pesença negra na Baixada de Jacarepaguá. 

E, importante destacar, os próprios pesquisadores do IHBAJA tem se dedicado a estudar esse importante aspecto de nossa história. Falo dos trabalhos de Julio Doria e Renato Doria, dois promissores pesquisadores da região.


Entrada da Gardênia Azul. Fundo Correio da Manhã/Arquivo Nacional.















































































































Trabalhadores (todos negros) da exploração de turfa na fazenda da Restinga.
Na área onde fica atualmente o aeroporto da Barra. Fundo DNOS/Arquivo Nacional.  
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domingo, 17 de novembro de 2019

Caminhada Histórica do IHBAJA



O Instituto Histórico da Baixada de Jacarepaguá (IHBAJA) realizará, no dia 30 de novembro, uma caminhada histórica até o Núcleo Camorim do Parque Estadual da Pedra Branca. Essa atividade faz parte do projeto “Trilhas de Jacarepaguá: Caminhando pela Nossa História”, que visa apresentar alguns aspectos do patrimônio cultural, histórico e natural da região de forma lúdica e interativa. O evento integra a programação da Semana Fluminense do Patrimônio e será gratuito.
Horário: 9h
Ponto de encontro: Estrada do Camorim, 925 – na porta da Capela de São Gonçalo de Amarante.

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domingo, 10 de novembro de 2019

 

A construção da estrada Grajaú-Jacarepaguá foi o passo decisivo para detonar a expansão urbana da região da Baixada de Jacarepaguá. Ali começava o boom de bairros como Taquara e Freguesia.



Fonte: Arquivo Nacional/Rio de Janeiro


Fonte: Arquivo Nacional/Rio de Janeiro






 A Serra do Grajaú, onde se localiza a via, é marcada pela presença de muitas rochas, que se desprendem com grande frequência das encostas. O que sempre causou sérios problemas para os veículos que cruzavam a avenida.


Fonte: Arquivo Nacional/Rio de Janeiro
Fonte: Arquivo Nacional/Rio de Janeiro

 No início do século XX, para se acessar a baixada de Jacarepaguá, havia apenas duas possibilidades: por Madureira e Campinho ou pela Estrada do Joá e Estrada da Barra da Tijuca. Havia, pois, a necessidade de uma nova ligação a partir da Zona Norte.


Fonte: Arquivo Nacional/Rio de Janeiro

 A construção da Grajaú-Jacarepaguá começou na administração Henrique Dodsworth, passou por várias administrações. A primeira parte a ficar pronta foi entre o Grajaú e o restaurante Cabana da Serra, na década de 40.

Fonte: Arquivo Nacional/Rio de Janeiro


Avançou nos anos 50 com o prefeito João Carlos Vital construindo o trecho mais perto de Jacarepaguá (Estrada dos Três Rios). Posteriormente, as pistas que eram estreitas, foram alargadas, mais para o final do século XX.

Fonte: Arquivo Nacional/Rio de Janeiro

Há um acervo de fotos gigantesco no acervo de imagens do Arquivo Nacional. Elas são oriundas de instituições como o Departamento Nacional de Obras e Saneamento - DNOS (órgão do governo federal) e o extinto jornal Correio da Manhã.


Fonte: Arquivo Nacional/Rio de Janeiro


Nesse riquíssimo acervo particular podemos testemunhas imagens do passado da antiga zonar rural da cidade do Rio de Janeiro, que por muitas décadas foi chamada de Sertão Carioca.

Fonte: Arquivo Nacional/Rio de Janeiro

Nas imagens disponíveis que abarcam o período anterior a década de 70, podemos ver também como a Baixada de Jacarepaguá era fortemente agrícola.

Fonte: Arquivo Nacional/Rio de Janeiro


Isso é visível também nessas imagens sobre a Serra do Grajaú. Tanto nos flagrantes do processo de construção como aquelas sobre alguns problemas vivenciados pela via (como o deslizamento de pedras), podemos ver no cenário descortinado nas fotos um ambiente intensamente verde, de muitas árvores, plantações; algumas imagens chegam a nos mostrar animais e equipamentos agrícolas pontilhando o cenário.
Ou seja, as imagens são verdadeiros documentos de um passado agrícola que hoje se encontra quase que extinto, embora siga resistindo em algumas áreas, como os vários sítios ainda existentes na serra do Grajaú-Jacarepaguá estão aí para mostrar.

 Leonardo Santos é pesquisador do IHBAJA e professor de História.

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domingo, 3 de novembro de 2019




Leonardo Santos, 
historiador e pesquisador do IHBAJA

Em maio de 1952, o Cel. Adil de Oliveira teria visto um disco voador nos céus da Barra da Tijuca. Foi o chamado clássico Caso da Barra da Tijuca – O caso foi registrado como “Caso Barra da Tijuca, ano de 1952” e faz parte do acervo “Objeto Voador Não-Identificado” da unidade do Arquivo Nacional.



Por algum tempo foi tratado como sigiloso pela Aeronáutica. Mas por muito pouco, pois logo depois, mais precisamente no dia 17 de maio de 1952, O Cruzeiro, publicou “como encarte 'Extra' na edição de 17– sem chamada na capa e sem inclusão no índice da página 2, indicações de que ficou pronta na última hora, quando grande parte da revista já havia sido impressa.” Lembra Claudeir Covo. 

Com fotos de Ed Keffel e João Martins: 

O Cruzeiro apresenta um fato jornalístico espetacular, a mais sensacional documentação jamais conseguida sobre o mistério dos discos voadores. O estranho objeto veio do mar, com enorme velocidade, e foi visto durante um minuto – Cor cinza-azulado, absolutamente silencioso, sem deixar rastros de fumaça ou de chamas – Relato completo da fascinante aparição na Barra da Tijuca.



Mas tudo não passava de uma grande fraude. Cometida exatamente pelos protagonistas da matéria do Cruzeiro: Keffel (quem produziu a manipulação) e Martins. Mas a confirmação dessa fraude só ocorreria anos depois.






Enquanto isso, a Aeronáutica levaria não apenas as fotos à sério como a versão do cel. Adil de Oliveira. Este chegando a traçar um desenho no papel para reconstituir a trajetória do disco voador.*

Confiando na versão do seu membro, a Aeronáutica encomendou um parecer à Força Aérea Norte-Americana. Esta confirmaria a fraude. 

Mas nem precisava recorrer aos norte-americanos, figuras como Carlos Éboli já haviam declarado serem totalmente falsas as imagens.

E foi esse o ponta-pé da ufologia no Brasil. Com disco voador da Barra da Tijuca. Só que uma fraude cometida pela imprensa, nas páginas do Cruzeiro (Com inestimável colaboração da Aeronáutica).  

* O documento da Aeronáutica, pertencente ao acervo do Arquivo Nacional do Rio de Janeiro, pode ser consultado no seguinte link: https://drive.google.com/open?id=1IMQjAOtJudQnBirghPn8izRuuD-_3NfK


 

COVO, Claudeir. “A maior fraude de uma revista brasileira”. http://almanaquenilomoraes.blogspot.com/2016/09/a-maior-fraude-de-uma-revista-brasileira.html

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